Suaves transições

Suaves transições

Capa: Suaves transições

Sui generis em cada detalhe. Assim pode ser definida a Villa NM, uma casa de veraneio erguida em uma bucólica região a duas horas de carro de Nova York. Com o intuito de estabelecer uma verdadeira ruptura com o estilo de vida da frenética cidade vizinha, a casa não foi pensada para o dia a dia de uma vida comum. “É um lugar para passar o verão, feriados e finais de semana”, diz o autor do projeto, o arquiteto holandês Van Berkel, do escritório UNStudio, sediado
em Amsterdã.

 

Compacta e integrada, a Villa NM é formada por ambientes fluidos, onde predominam linhas suaves e cores brancas. Instalada no alto de uma colina e rodeada por uma floresta, a residência oferece um refúgio privado imerso em natureza, inteiramente desconectado da vida urbana logo ao lado. Seus volumes espalham-se languidamente pela colina, ajustando a casa à diferença de nível apresentada pelo terreno.

 

“A orientação construtiva segue uma proposta de continuidade, de ser uma extensão da paisagem moldada a seu formato”, descreve Van Berkel. “O primeiro desnível acompanha a inclinação do morro, enquanto o segundo ergue-se acima do terreno para oferecer uma vista panorâmica dos arredores.”

 

Superfícies fluidas e dinâmicas atuam como recurso para se adaptar ao terreno em dois níveis

 

Para se adaptar ao terreno em dois níveis, o recurso predominante nos espaços internos consiste em criar superfícies fluidas e dinâmicas. Algumas paredes são torcidas em seu eixo horizontal, convertendo-se em uma parcela do piso superior. “As paredes se curvam e se transformam em pisos, que fluem e voltam a se transformar em paredes”, diz o arquiteto.

 

Segundo ele, essas rotações cumprem variadas funções: acomodam a casa em seu terreno, criam uma orientação e comunicação internas e dividem as diferentes áreas da casa, além de exercerem um importante papel construtivo na edificação. “Para completar, essas torções contribuem também para criar uma transição natural entre a parcela de vidro e a superfície de concreto da fachada.” Para Van Berkel, o vidro é o grande protagonista do projeto, e destaca-se como principal
elemento na fachada da casa. “Trata-se de um material muito versátil para esse tipo de aplicação.

 

 

Aqui ele foi especialmente usado para captar as cores de seu entorno e faz isso de forma magistral”, comenta o arquiteto. De tonalidade bronze, os vidros da fachada tornam-se um importante traço do design. “Discutimos bastante com o cliente sobre a forma de estender a aplicação dessa linguagem para os espaços internos e acabamos adotando a cor bronze em variados detalhes, como maçanetas e, objetos decorativos etc.”, diz o arquiteto.

 

Amplos e iluminados, todos os quartos da casa contam com grandes aberturas de vidro, instaladas em estruturas de aço

Amplos e iluminados, todos os quartos da casa contam com grandesaberturas de vidro, instaladas em estruturas de aço. “Tanto nas áreas de convivência como nos demais cômodos da casa foram instaladas duas paredes integralmente transparentes, criando uma forte experiência de interação com o meio externo.” Fabricados pela Pilkington, os vidros empregados na fachada foram os de controle solar refletivos low-e da linha Eclipse Advantage, com fator U de 0.34. “Essa tecnologia supera soluções convencionais por oferecer uma combinação ideal de reflexão, alta transmissão de luz solar e baixa absorção de calor,” diz Van Berkel.

 

A adoção desses vidros, segundo ele, garante privacidade e regula a temperatura. A superfície refletiva encarrega-se da privacidade, enquanto a reflexão da luz que incide nas janelas contribui para a redução de custos com refrigeração nos meses mais quentes do ano. Já o fator de isolamento para retenção de calor diminui os custos com aquecimento nos meses mais frios, explica o autor do projeto.