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Arte em Vidro

Luz colorida em movimento

Presente nos mais diversos estilos arquitetônicos, a arte dos vitrais reflete e valoriza a luz solar e propicia belos efeitos visuais aos ambientes

17/10/2013

No alto, claraboia do salão da Bolsa do Café de Santos. Abaixo: à esquerda, detalhe do vitral da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. À direita, Bandeirantes do vitral da Sabesp de Santos. Todos produzidos pela Casa Conrado

Além de chamar atenção por sua beleza e riqueza de cores, os vitrais, quando adequadamente posicionados, permitem que a luz colorida flutue pelos
ambientes ao longo do dia, conforme sua incidência, e assuma diferentes nuances de acordo com a época do ano. Amplamente usada como elemento
arquitetônico, a arte dos vitrais, quando estudada a fundo, é também ferramenta de reconstituição histórica. “O vitral tem sua origem na antiguidade
oriental e chegou ao Ocidente durante a Idade Media”, lembra a artista plástica Regina Lara, vitralista e professora da Universidade Mackenzie.

 


Muito aplicados em igrejas e catedrais, como ferramenta de catequização e educação dos fiéis, os vitrais medievais quase sempre retratavam figuras
religiosas e cenas bíblicas. “Além de valorizar as imagens que representavam, os vitrais tinham a função de transmitir a sensação de harmonia etérea
por meio da luminosidade das cores. Ao atravessar o vidro colorido, a luz solar conferia imponência e espiritualidade ao ambiente, favorecendo a reflexão e a meditação”, explica a professora. As primeiras peças produzidas no Brasil apareceram no século XIX.

 

 

“E foi também a partir desse século que o vitral foi desvinculado da abordagem religiosa e passou a ser explorado como elemento decorativo”, conta Emerson Assis, sócio-proprietário da fabricante de vitrais D’Falco. Hoje, a combinação de vidro e chumbo que caracteriza a técnica tradicional os vitrais é largamente difundida no País, presente nos mais variados estilos de arquitetura. “A produção do vitral é praticamente a mesma de séculos atrás, salvo algumas inovações”, ressalta Emerson.

 

Recortando e colando cores Material de junção, o chumbo é mero coadjuvante nessa arte. O efeito diferenciado é garantido pelas grandes e pequenas áreas formadas pelos vidros coloridos propriamente ditos, combinados com a luz solar que os atravessa. “O vidro não é pintado, como muita gente pensa. Com todo o conhecimento químico e físico existente hoje, não foi desenvolvida uma tinta que deixe o vidro transparente na cor ideal.

 


No máximo, se obtém algo próximo ao amarelo. Com outras cores, o vidro fica opaco”, explica Regina Lara. Segundo ela, a gama de vidros coloridos
disponível no Brasil ainda é muito pequena. “Nos meus projetos, costumo usar vidros importados”. A cor do vidro é atingida dentro no forno, no momento
em que o material é fabricado. “Cada cor é composta por um material diferente. Com um custo diferente. O azul cobalto, por exemplo, é feito com óxido de cobalto e o marrom, com óxido de ferro”, conta a vitralista, lembrando que o vermelho é até hoje considerado um vidro nobre porque as primeiras peças eram produzidas com ouro.

 

 

 

 

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