Especialistas explicam o processo de transformação do vidro em espelho e dão dicas de instalação

Especialistas explicam o processo de transformação do vidro em espelho e dão dicas de instalação

Capa: Especialistas explicam o processo de transformação do vidro em espelho e dão dicas de instalação

Os espelhos são hoje cada vez mais aplicados na arquitetura e na indústria moveleira, trazendo sofisticação aos ambientes e amplitude diante da tendência dos imóveis compactos. É produzido a partir do vidro plano, que passa por um processo que transforma uma de suas superfícies em espelhada através da aplicação de substâncias como o nitrato de prata, que promove o reflexo das imagens, visível através do vidro transparente e protegida por uma tinta. Portanto, quando olhamos para o vidro, é a camada de prata metálica que reflete a nossa imagem.
“O processo de produção consiste na aplicação da prata metálica que adere completamente ao vidro por meio de reações químicas. A prata metálica que confere ao vidro as qualidades de reflexão”, explica Viviane Sequetin, gerente de produtos de interiores da Guardian, sobre o processo de transformação do vidro em espelho na fábrica da empresa. 
O processo de produção é peculiar a cada fabricante, mas sempre deve atender à norma ABNT NBR 14.696 – Espelhos de Prata. “Para garantir a qualidade são realizados testes como: dimensional e qualidade das bordas, defeitos lineares e pontuais em chapas de espelho manufaturados, desempenho e avaliação dos resultados e qualidade ótica”, lista Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix.
 

Alguns itens determinam uma maior ou menor qualidade do espelho, como a quantidade e aderência de prata, aplicação de uma película protetora para a prata, a aderência da pintura, a espessura da camada de tinta, sua dureza e resistência a produtos químicos. Existem também diferentes tipos de espelho, com níveis de reflexão maiores ou menores, que variam de acordo com a matéria-prima aplicada.
Os espelhos com alta reflexão, mais de 80%, são feitos, geralmente, com a prata e o alumínio. Já os de baixa reflexão, menos de 60%, são produzidos com cromo. No mercado da construção são utilizados mais os espelhos de alta reflexão.
“A qualidade de reflexão é sem dúvida um dos principais pontos a serem observados na hora de escolher um espelho, assim como sua resistência ao aparecimento de manchas.  Por isso, é importante estar atendo à marca do espelho, pois, ao contrário do que se possa imaginar, espelho não é tudo igual”, indica Viviane Sequetin.
O espelho de alumínio de alta reflexão – Coated Mirror –  não leva cobre e possui zinco na pintura (até 20%).Os espelhos de prata de alta reflexão podem ter diferentes versões: Galvânico – com cobre e muito chumbo na pintura (até 15%); Cooper Free – sem cobre e chumbo na pintura (até 10%); Cooper Free Lead Free- sem cobre e menos chumbo na pintura (até 0,5%); Cooper Free Zero Lead – sem cobre e sem chumbo na pintura (0%).

Origem

Há muitas versões acerca da origem dos espelhos. Segundo estudos feito por Jay Enoch e publicados no periódico Optometry and Vision Science, há cerca de 8 mil anos habitantes da Anatolia (atual Turquia) teriam criado os primeiros espelhos polindo chapas de obsidiana (“vidro vulcânico”). 

Outra fonte sugere que de 4.000 a 3.000 a.C., povos da Mesopotâmia (onde hoje fica o Iraque) e do Egito começaram a fabricar espelhos usando chapas de cobre polido. Cerca de mil anos depois, habitantes da América Central e da América do Sul poliam pedras para que pudessem ser usadas como espelhos.

Já o surgimento dos espelhos modernos data de 1835 quando, na Alemanha. O químico Justus von Liebig desenvolveu um método para aplicar uma fina camada de prata metálica sobre vidro. Com o passar das décadas, a técnica foi aperfeiçoada e se espalhou pelo mundo. 

Outra versão ainda diz que os primeiros espelhos de vidro surgiram no início do século XIV, criados por artesãos de Veneza, na Itália, que desenvolveram uma mistura de estanho e mercúrio que, aplicada sobre um vidro plano, formava uma fina camada refletora. Somente no século XIX foram descobertas formas de espelhar o vidro com prata química, sem a necessidade do mercúrio.

Na hora de instalar

Existem dois tipos de instalação, a mecânica e química. Apesar da variedade de produtos oferecidos no mercado para uma fixação química, sem furos e com menos sujeira, a fixação mecânica também é uma excelente opção. No caso da instalação com peças metálicas, é importante verificar a resistência da parede, assim como isolar as partes metálicas das bordas do espelho, pois o contato pode ocasionar oxidação. Viviane Sequetin orienta evitar aperto excessivo das peças metálicas para não trincar o espelho. 

“Use molduras, botão francês, garras, presilhas ou parafusos para a fixação mecânica. Apoio de borracha ou plástico para isolar o espelho de parafusos são essenciais. É importante a utilização de materiais de apoio adequados, como de borracha ou plástico, para isolar o espelho de parafusos, ao contrário, poderá danificar a pintura do espelho e ocasionar problemas como manchas”, acrescenta Viviane Moscoso. 

Na instalação química, use apenas silicone de cura neutra base alcoxi, adesivo elastomérico base água e fita dupla face isenta de solventes ou mista. Não use cola de sapateiro. Inclusive a Vivix lançou a Colavix, um adesivo selante, que foi especialmente desenvolvido para instalação de espelhos e vidros Vivix. “É o único que permite uma fixação, rápida e econômica. Substitui todas as formas de adesivos existentes para fixação de espelhos e evita o problema de manchas escuras causadas pela umidade. O Colavix é 4X mais forte que o silicone, 2X mais forte que Poliuretano. O produto é sustentável e adere em áreas úmidas podendo ser utilizado em dias com chuva”, destaca a especialista da empresa.

Na instalação química, use apenas silicone de cura neutra base alcoxi, adesivo elastomérico neutros a base água e fita dupla face isenta de solventes ou mista, que não agridem o espelho. Não use cola de sapateiro.

É primordial ter como material de trabalho a Norma ABNT NBR 15.198 – Espelhos de prata, beneficiamento e instalação, que é bem abrangente, de acordo com Viviane Moscoso, que dá algumas dicas adicionais: “Evite ataque químico ‘solventes/ ácidos/ alcalinos’, colas inadequadas e umidade no transporte, que podem provocar riscos e furos. Limpe e seque a parede antes da instalação e não instale sobre o gesso e alvenarias novas ou recém-pintadas. Permita que o ar circule, deixando 3mm de distância entre o espelho e a parede. Ao instalar mais de um espelho na mesma parede, deixar folga de 1mm entre eles. Use espaçadores macios de borracha, que não absorvam água, para nivelar o espelho”. 

Viviane Sequetin lista mais algumas recomendações importantes: “Espelhos com bordas expostas devem ser lapidados e filetados. A base onde for instalada o espelho deve estar limpa, seca, completamente livre de umidade, substâncias ácidas ou alcalinas, ou qualquer outro material agressivo. Não utilizar como base materiais que absorvam umidade, tais como: madeira, cortiça, jornal, flanela e outros”.
No caso de fixação química, ressalta utilizar adesivos que não agridam o espelho e sempre com filetes verticais para permitir a circulação de ar. Segundo a ABNT NBR 15.198:2005, os adesivos elastoméricos neutros são os mais indicados, tais como: silicone de cura neutra base alcoxi, adesivo elastomérico base água, fita dupla face isenta de solventes. Também não é recomendado o uso de iluminação do tipo spot direcionada diretamente para o espelho, pois gera muito calor e pode deteriorar a camada de prata ou até mesmo trincar o espelho.
No caso da instalação com peças metálicas, é importante verificar a resistência da parede, assim como isolar as partes metálicas das bordas do espelho, pois o contato pode ocasionar oxidação. Evite aperto excessivo das peças metálicas para não trincar o espelho. Use molduras, botão francês, garras, presilhas ou parafusos para a fixação mecânica. Apoio de borracha ou plástico para isolar o espelho de parafusos são essenciais.

Dicas de manutenção

Um espelho de qualidade, que segue as recomendações de processamento, instalação e manutenção da norma deve ter uma vida útil superior a 10 anos. Porém, alguns cuidados básicos podem prolongar sua durabilidade. Entre eles, é importante nunca usar produtos ácidos ou alcalinos para limpar o espelho como, por exemplo, o amoníaco, presente em muitos dos produtos de limpeza, assim como não utilizar produtos abrasivos na superfície do espelho como lixas, esponjas abrasivas, sapólio, palha de aço, etc.

“Antes de começar a limpeza de um espelho o ideal é remover toda a poeira depositada em sua superfície com um espanador ou um pano limpo e macio. Para limpar recomendamos também um pano limpo e macio, embebido em água morna ou álcool. Jamais borrifar água no espelho, sempre aplicar no pano macio. Para finalizar a limpeza, basta utilizar um pano limpo, seco e macio para retirar possíveis manchas de secagem”, aconselha  a especialista da Guardian.