Seção

Arquitetura e Vidro

Conexões envidraçadas

Projeto residencial usa corredor de vidro para unir quatro volumes em uma única edificação

16/08/1967

 

Quatro casas, uma mesma residência. Assim se define este projeto marcado por espaços iluminados e transparentes, erguido nos arredores da cidade do Porto, em Portugal. Circundada por uma bela paisagem, a casa de veraneio usa o vidro de forma estratégica. Além dos recortes transparentes que vencem toda a superfície frontal, o projeto é marcado por um corredor envidraçado que assume a função de interligar os blocos e, ao mesmo tempo, levar luz abundante para o interior. “Essa estrutura funciona como um túnel interno, instalado bem no coração da casa para conduzir as pessoas de um espaço a outro”, afirma o autor do projeto, o arquiteto Paulo Carvalho, do escritório português Prod Arquitectura & Design. 

 

“Para materializar o objetivo principal do projeto, ou seja, o de unir as quatro casas em uma só, escolhemos o vidro como material chave, para integrar os volumes tanto para quem observa pelo exterior como para quem o percorre por dentro”, diz o arquiteto. “O vidro foi então aplicado em panos de grande dimensão, para minimizar as juntas que reduziriam o efeito desejado.” 
Localizada em Penafiel, a 30 km da cidade do Porto, a “Casa das Quatro Casas”, como foi apelidado o projeto, tem como conceito principal o encaixe de volumes.

 

“Como o nome já diz, trata-se de um conjunto de quatro elementos autônomos, com dimensões semelhantes, mas orientações distintas”, afirma Carvalho. Três desses volumes, detalha o arquiteto, estão organizados ortogonalmente em torno de um núcleo, enquanto o quarto faz um giro, para coincidir com a direção da construção pré-existente. 

 

 

 

 

 

 

Projetada para uma família de quatro pessoas, a Casa das Quatro Casas esbanja leveza e transparência em cada um de seus espaços, quase sempre marcados por grandes aberturas de vidro tanto nas paredes como em claraboias no telhado, ou ainda em coberturas integralmente envidraçadas. “O vidro tornou-se essencial por sua capacidade de propiciar fluidez aos espaços, além de intensificar as relações com a paisagem externa”, avalia Carvalho. Situada em um vale, a residência é brindada por belas vistas das cidades vizinhas, além da rica paisagem natural ao redor. “Aplicamos o vidro tanto em panos verticais fixos, de correr ou de batente, como em coberturas na área de distribuição. 

 

Em panos de menor dimensão, o material também foi empregado em claraboias e, internamente, em guarda-corpos nas escadas de acesso à garagem, assim como no mezanino do primeiro piso.”

 

 

 

O vidro conferiu fluidez aos espaços internos, além de ter intensificado sua relação com a paisagem externa

 

 

 

Benefícios ao quadrado

 

Embora separados, os quatro volumes estão dispostos a pequena distância do corredor, fechado por vidro na cobertura e nas laterais. “Trata-se de um espaço especial com um caráter híbrido. A desmaterialização dos limites espaciais é percebida tanto de dentro como de fora da casa, e tal solução veio ao encontro do requisto básico de forte relação com a paisagem”, descreve o arquiteto. A cada volume foi incorporada uma cobertura de duas águas. “Além de enfatizar a individualidade, esse recurso arquitetônico permitiu enfatizar a plasticidade da composição.” 

 

 

 

 

 

 

Para a cobertura, a escolha recaiu sobre os vidros duplos, com a seguinte configuração: temperado ST 420 de 8 mm + caixa de ar argônio de 14 mm + laminado 4.4.2 serigrafado em pontos brancos de 4 mm, a 50%.
Já na caixilharia, o projeto recebeu vidros Guardian HS70 HP extra claros de 8 mm temperados + caixa de argônio de 10 mm + 8 mm temperados. Os fornecedores, tanto dos vidros como da caixilharia, foram a Vidromax, com sede na cidade portuguesa de Mealhada, e a Vicer, situada na cidade de Maia. A instalação ficou a cargo da serralharia Jofebar, de Matosinhos. 

 

Na avaliação do arquiteto, o vidro assumiu importância fundamental para alcançar o objetivo do projeto. “É um material que não encontra concorrência em sua capacidade de revelar, com elegância, a estrutura do edifício”, comenta ele. “Como diz o arquiteto Mies van der Rohe, que cito em minha tese de doutoramento: O que seria do concreto, o que seria do aço, sem uma folha de vidro? Somente os revestimentos e paredes de vidro podem revelar a forma estrutural do esqueleto da edificação e assim assegurar possibilidades arquitetônicas mais amplas.”

 

 

 

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