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Arquitetura e Vidro

Bloco de cristal

Formado por um invólucro transparente por todos os ângulos, instituto japonês de tecnologia cria ambiente que se dissolve na paisagem

29/10/1950

Instituto de Tecnologia de Kanagawa

Ele brilha à luz do sol, propaga claridade durante a noite e não requer iluminação artificial alguma ao longo do dia. Seu interior funde-se visualmente com a área externa, propiciando aos visitantes e usuários uma agradável sensação de amplitude e leveza. Com paredes, coberturas e pisos todos feitos, de vidro, o cristalino edifício do Instituto de Tecnologia de Kanagawa, em Tóquio, é um dos mais emblemáticos tesouros arquitetônicos concluídos em 2010. Os limites entre os ambientes interno e externo chegam a se confundir, tamanha a transparência que o prédio apresenta de ponta a ponta. O efeito é possível pela ausência de qualquer abertura nas superfícies envidraçadas, salvo portas e pequenas frestas no piso, responsáveis por manter a ventilação adequada.

 

Projeto do jovem e celebrado designer e arquiteto Junya Ishigami, a caixa envidraçada tem telhado formado por claraboias de vidro e sustentado por 305 finos pilares de aço brancos, dispostos no interior do prédio de forma aparentemente aleatória, para evitar a repetição de ângulos. “São essas colunas que sugerem a forma de organização dos móveis dentro do instituto. O resultado é um local amplo, intensamente iluminado e que oferece uma vista desimpedida da Baía de Tóquio”, afirma Ishigami. “O projeto permite revelar e emergir na realidade à nossa volta, em lugar de moldá-la.”

 

A arquitetura japonesa tende a explorar estruturas de vidros de espessuras muito finas. Em seu projeto, Ishigami também fez uso desse recurso, tendo empregado nas fachadas panos de vidro de 5 m X 1,5 m com apenas 10 mm de espessura. Esses painéis ganharam estabilidade por meio de suportes perpendiculares, que conferem transparência total ao edifício, de modo a garantir aos alunos um ambiente de trabalho incrivelmente iluminado durante o dia, que se transforma à noite em uma verdadeira instalação artística. “Minha intenção foi poder reproduzir a expansão de um céu estrelado ou mapa de astronomia. Ambos têm fronteiras indefinidas”, acrescenta Ishigami.

 

claraboias de vidro

A caixa envidraçada tem telhado formado por claraboias de vidro e sustentado por 305 finos pilares de aço,dispostos de forma aparentemente aleatória para evitar a repetição de ângulos

 

Inspirado pelo conceito de minimalismo contemporâneo, o interior do edifício, integralmente visível por quem está do lado de fora, tem o branco como cor predominante e espaços totalmente abertos e integrados, sem divisórias. O resultado é que o edifício em si virou uma espécie de workshop para estudantes de arte, design, arquitetura e engenharia, que passam horas estudando detalhes de suas configurações. O projeto foi desenvolvido pela empresa Ishigami and Associates, estúdio de arquitetura japonês fundado por Junyia em 2004. 

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