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Papo Direto

Atuação social e profissional

Rosemari Bremm

22/07/2016

Rosemari Bremm - presidente da Adivipar

Primeira mulher a assumir o comando de uma entidade vidreira no Brasil, Rosemari é também sócia da Mary Art Vidros e Cristais de Segurança, beneficiadora fundada por ela em 1990, inicialmente voltada para o ramo da decoração. Engajada na causa da profissionalização do setor, é também grande incentivadora da participação social das mulheres no mundo dos negócios. Em 2004, coordenou o encontro paranaense de mulheres empreendedoras e ocupou o cargo de diretora de relações públicas do Conselho Estadual da Mulher Empresária da Faciap – Federação das Associações Comerciais do Estado do Paraná. Para ela, a mulher “é o principal instrumento na transformação do mundo, por sua capacidade de percepção e sensibilidade”.  


Com mais de duas décadas de experiência no ramo vidreiro, a executiva prepara-se para passar o bastão de liderança da Adivipar em março, quando um evento em Maringá empossará a nova diretoria. Em entrevista a Vidro Impresso, ela comemora os resultados conquistados não somente em sua gestão, mas durante toda a trajetória da Adivipar, que nasceu há oito anos, em decorrência do desmembramento de associações dos Estados do Rio Grande Do Sul, Santa Catarina e Paraná. Desde então, ela coordena programas direcionados ao aprimoramento profissional do vidraceiro, com foco em temas como segurança no trabalho, vendas, normas técnicas, custos e projetos, alcançando em média 800 profissionais por ano.

 

O que levou uma mulher ao comando da Adivipar?
Rosemari Bremm - Desde a sua criação, fui uma peça importante na diretoria da entidade, sempre na posição de diretora-secretária, como braço direito dos presidentes. Talvez por ser a única mulher, eu acabava coordenando as tarefas. Assim, os associados acabaram me pressionando a assumir a presidência. Cheguei à conclusão de que tudo acabava mesmo passando por mim e por isso aceitei. Fundamental mencionar que sou fã incondicional do associativismo e que levanto sempre essa bandeira.

 

Qual foi o aspecto mais importante de seu trabalho à frente da entidade?
Aprimoramos o relacionamento entre associados que são grandes concorrentes no mercado. Hoje, temos uma sintonia muito boa, nossa concorrência é totalmente saudável. Outro ponto fundamental foi a parceria desenvolvida com os fabricantes de vidro – eles entenderam o nosso foco, que é o aprimoramento profissional do vidraceiro. Afinal, não teremos aumento no consumo de vidro se não prepararmos os vidraceiros para isso. Esse foi o principal objetivo em minha gestão.
 


Em que consiste o treinamento de vidraceiros promovido pela Adivipar?
A cada ano escolhemos um tema diferente que seja importante para a classe. Já abordamos normas técnicas, segurança no trabalho, elaboração de custos, vendas. Já realizamos também um treinamento  em que um instrutor alertava os vidraceiros sobre os principais erros que cometiam. O sucesso foi tão grande que até hoje recebemos diariamente e-mails solicitando outros cursos e treinamentos. 

 

Qual o objetivo dos encontros promovidos pela entidade com arquitetos e engenheiros?
É um público diferenciado e exigente. Nesses eventos temos o cuidado de focalizar algo que seja de real interesse desses profissionais, pois não é um público fácil de reunir para assistir palestras. Mas a cada ano o sucesso se repete por já termos conquistado a credibilidade de levar a eles novidades e soluções no mundo do vidro.


 
As limitações técnicas da mão de obra representam um obstáculo para o setor vidreiro?   
Não só no setor vidreiro, mas em todos os setores em crescimento em nosso País a questão de mão de obra é um dos maiores problemas que encontramos. Estamos realizando treinamento para os proprietários de vidraçarias. O programa que estamos organizando para 2012, por exemplo, será super-dinâmico e produtivo, pois vai abordar diversos temas importantes.


 
O que representa o mercado paranaense em relação à indústria vidreira nacional?
Os números sobre o consumo de vidros por região não são divulgados, infelizmente. Independentemente do tamanho de mercado que representamos, posso garantir que a Adivipar tem um diferencial, pois desde nossa criação trabalhamos juntos, unindo forças para o crescimento de nosso setor.
 


Empresas vidreiras do Paraná fornecem para outros Estados?
Sim, a grande maioria acaba vendendo em outros estados.

 

Como avalia o crescimento do mercado de vidros no Paraná nos últimos anos? Em sua opinião, quais as razões da concentração de beneficiadoras e empresas de ferragens no Estado? 
Em conversas informais, sabemos que todos os distribuidores tiveram um aumento considerável em sua produção. Concluímos, portanto, que o mercado está aquecido e que os investimentos são necessários. Quando algumas distribuidoras entram no mercado de ferragens é porque sentem essa necessidade, principalmente para a agilidade na entrega.


 
O sul do País pode ser considerado um dos mais importantes polos do setor? Quais as perspectivas para a região nos próximos anos?
O Brasil todo vem aumentando sua produção, e com a Região Sul não é diferente. Além do Paraná, o Rio Grande do Sul é tradicional fornecedor de vidros para a indústria moveleira, principalmente na região da Serra Gaúcha, o que, por si só já garante ao Sul um volume de vidro expressivo. Também vejo um aumento do número de empresas catarinenses, acompanhando o ritmo geral de crescimento. Nossas perspectivas são positivas, como em toda a construção civil em geral.

 

Que impacto poderão ter para o setor as obras previstas para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016?
O nosso setor sempre segue o ritmo de crescimento da construção civil em geral. Esses eventos esportivos geram grande expectativa. Já aquela euforia no financiamento imobiliário aos poucos vai diminuindo e encontrando um ponto de equilíbrio, que por si só já garante um bom volume de negócios. Em resumo, acredito que devemos olhar o futuro com pé no chão e com perspectiva de crescimento acima do PIB nacional, como mostra o histórico de nosso setor ao longo dos anos.

 

E quanto à crescente demanda da sociedade em relação a projetos comprometidos com a sustentabilidade?
No Paraná a exigência ambiental é rigorosa e nós fomos pioneiros no engajamento nessa causa. Nossos associados realizam coletas de resíduos e encaminham para reciclagem. É um trabalho de formiguinha, mas muito importante.


 
Qual tem sido a atuação da Mary Art nesse contexto?
Nós temos a consciência ambiental, temos equipamento para decantação de água, coletamos resíduos e colaboramos com a Associação de Catadores de nossa cidade para o transporte e encaminhamento de cacos para reciclagem. Eles não estavam mais coletando vidros para reciclagem pelo alto custo de transporte. Hoje, com a parceria que mantemos, eles voltaram a coletar vidros que estavam sendo jogados no lixão.

 

Quais os objetivos do Encontro Sul-Brasileiro do setor, previsto para novembro de 2012?
O encontro é realizado a cada dois anos e já faz parte do calendário de eventos de nosso setor. Acredito ser o segundo maior encontro vidreiro do País depois do Simpovidro. Este ano, é a Adivipar quem vai sediar e já temos Foz do Iguaçu como local escolhido. A previsão é de que o evento seja no Hotel Recanto Park Hotel, entre os dias 23 a 26 de novembro. Nosso objetivo é congregar empresários e fornecedores, promover um encontro em que haja ampla troca de ideias. Muitos negócios são realizados nessas ocasiões, pois durante três dias temos a oportunidade de conversar com nossos fornecedores de um modo informal e prazeroso.

 

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