Abaixo o barulho!

Abaixo o barulho!

Capa: Abaixo o barulho!

Em tempos agitados e frenéticos como os que vivemos, especialmente nos grandes centros urbanos, a poluição sonora torna-se alvo de crescente preocupação, não somente pelo desconforto que pode causar, mas sobretudo pelos riscos que oferece à saúde. Definido como um som indesejado, cuja intensidade é medida em decibéis (dB), o ruído em excesso pode ocasionar impactos de grandes proporções na vida das pessoas. “As consequências da exposição ao ruído vão além da sensação de desconforto”, comenta o empresário Edison Claro de Moraes, diretor da fabricante de janelas e esquadrias acústicas Atenua Som. “Os efeitos vão desde irritação e perda de concentração até improdutividade no trabalho, stress, alterações no humor e problemas de audição, podendo até afetar funções neurológicas e produção de hormônios”, afirma. 
Discutido com frequência por profissionais de setores ligados à arquitetura e construção, especialmente após a polêmica norma NBR 15575 ter jogado luz sobre as necessidades de adaptação do mercado a um novo padrão, o desempenho acústico das edificações vem-se tornando parâmetro para muitas empresas na busca por inovações técnicas que atendam as atuais demandas do mercado. É o caso do segmento de esquadrias, que se volta para a busca de soluções mais avançadas, que garantam vedação sonora adequada. Foi com esse intuito que a Atenua Som inaugurou recentemente seu laboratório de ensaios acústicos de esquadrias, cujo objetivo central é testar novos produtos desenvolvidos no segmento.
A implantação do laboratório é parte das novidades lançadas pela empresa para comemorar seus 25 anos de atuação, ao longo dos quais se especializou na fabricação de janelas e esquadrias acústicas de alto padrão. As ações envolvem, ainda, o lançamento do portal VidroSom (www.vidrosom.com), que, assim como o seminário de mesmo nome, já em sua quarta edição, nasce com a missão de levar informação profissional e conteúdo técnico relacionado à acústica para arquitetos, engenheiros, consultores e profissionais dos setores de vidros e esquadrias. 
Projetado pelo engenheiro Marcelo De Godoy, profissional com vasta experiência no Laboratório de Acústica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e atualmente diretor da Modal Acústica, a inauguração do laboratório da Atenua Som, no final do ano passado, contou com a participação de representantes da Afeal e de empresas a ela filiadas, que tiveram a oportunidade de testar seus produtos. “Foram dois anos de construção, entre parte física e parte técnica, adaptação de equipamentos etc”, informa Moraes, idealizador do projeto. O investimento total da empresa foi de aproximadamente R$ 200 mil.

Estímulo certo

A criação do laboratório atende a demanda de empresas interessadas em se adequarem à NBR 15.575 e à parte 4 da NBR 10.821. O espaço segue a ISO 140-4:1998, fornecendo resultados comparáveis aos de laboratórios credenciados pela ISO 140-3:1995. “Sempre fomos consumidores de laboratórios de acústica, como o do IPT, e sentíamos na pele a falta de uma maior disponibilidade de laboratórios para esse fim”, diz o diretor. 
Tais limitações levaram a empresa a criar internamente as primeiras câmaras de ensaio, mais simples, para uso próprio. “Era uma forma de testar nossas portas e janelas com rapidez, dentro de nossa fábrica”, comenta Moraes, que com o tempo decidiu projetar um laboratório estruturado para, além de testar os produtos da empresa, atender a demanda por ensaios acústicos de esquadrias no mercado. A nova instalação passou a oferecer ferramentas e mão de obra especializada para apoiar as empresas que desejam testar suas peças.
A instalação de um laboratório acústico dentro das dependências da empresa está inserida em seus objetivos estratégicos para os próximos anos. “Trata-se de um diferencial tecnológico”, observa o Moraes. “O laboratório passou a ser nosso ponto de partida para o desenvolvimento de todo novo produto.” Além disso, contribuirá para o desenvolvimento do setor como um todo. “O interesse de outras empresas em se aprimorar eleva a qualidade dos produtos disponíveis no mercado.”
Entre os mais recentes lançamentos da Atenua Som está a primeira janela de correr antirruído do mercado, desenvolvida depois de muitos ensaios e aprimoramentos. O produto proporciona redução sonora de até 35dB, com perfis exclusivos e patenteados que oferecem a mesma eficiência de uma janela de correr comum. “Sua tecnologia com trilhos especiais compactos permite uma vedação excepcional e pode ser comparada às janelas com fechamento hermético”, explica Moraes. “Além disso, pode ser instalada em prédios, mesmo quando o consumidor já mora no local e não pode alterar a fachada.” 

 
Dentro da norma

Prevista para entrar em vigor nos próximos meses, a NBR 15575 motivou de forma especial a criação do laboratório, ressalta Moraes. A norma que estabelece novos padrões de desempenho acústico para as edificações, aliada às exigências impostas pela NBR 10.821, para esquadrias externas, acelerou a busca das empresas por adequação. Além disso, os selos de certificações, como LEED, AGUA e PROCEL, tendem a estimular a escolha de produtos com alto padrão de desempenho termoacústico. 
Para ele, a implantação da norma de desempenho representa um grande avanço para o mercado. “Muitos apostaram na sua postergação e agora estão defasados”, comenta. “Ela veio para ficar e promover uma grande revolução na construção civil. Hoje muitas empresas nos procuram para testar e conhecer melhor o desempenho de seus produtos.” 
O diferencial do laboratório da Atenua Som, aponta o diretor, reside na estrutura e flexibilidade que oferece. “Com ferramentas e mão de obra especializadas para ensaio das peças, as composições de vidros, fechos e acessórios podem ser rapidamente trocados durantes os testes”, explica. “Ou seja, se determinada janela não obteve o resultado esperado, troca-se o vidro por outro de configuração diferente, ou troca-se um acessório, e a janela é avaliada novamente. Iss facilita o aprimoramento de produtos acústicos.“ 
Para Moraes, ainda há um longo caminho a ser trilhado pelas empresas brasileiras para que o País alcance patamar similar ao de outros mercados, especialmente os europeus, no campo dos produtos acústicos. No entanto, avalia, o mercado nacional tem condições de se adaptar em pouco tempo, e o trabalho começa com a disseminação da informação. “O consumidor tem que saber que existem janelas que reduzem o calor, os gastos com ar condicionado, bloqueiam o ruído do ambiente vizinho, do bar ao lado, do trânsito etc.”, frisa o diretor. “A realidade é que as construtoras sempre buscaram os menores preços em detrimento da qualidade e do desenvolvimento de produtos de maior valor agregado. Daí a importância dos ensaios.”
Quanto ao vidro, Moraes acredita que o setor tem feito muito bem sua lição de casa, disponibilizando no Brasil o que há de mais moderno no mundo. “Mas só o vidro não faz milagre”, ressalta. “O caixilho deve ter um mínimo de massa e vedação para impedir a passagem do ruído. As duas coisas têm que caminhar juntas. Frequentemente se encontram situações em que janelas com vidro duplo não resultaram em nada na redução acústica. É nesse aspecto que o laboratório ajuda as empresas a detectar a partir de onde podem evoluir.”